“Você aprende. A gente
ensina?”.
Interrogando relações entre
educação e saúde desde a perspectiva da vulnerabilidade
O
próprio título do artigo propõe que de certa forma que os estilos de vida
individuais contribuem para o desenvolvimento de agravos à saúde ou que não
contribui para as praticas de promoção à saúde, ao mesmo tempo em que se foge
da responsabilidade de ser um dos responsáveis pela pratica do fumo, que fica
bem claro que neste contexto, que quem aprende, aprende sozinho, com outra
pessoa, com a mídia, mas não comigo (o Autor da faixa); porque eu (o Autor da
faixa) faço minha parte que é ensinar a você a se livrar de um hábito ruim...
No
século XX, conceitos de risco em epidemiologia eram associados principalmente a
fatores individuais de danos potenciais, deixando a entender que o risco
estaria na ignorância, fraqueza, ou falta de interesse no cuidado de si,
definindo formas “erradas e “certas” de viver”. Mas tarde este conceito é
superado na epidemiologia passando a considerar que “fatores de risco” são constituídos
de elementos indissociáveis dos marcos culturais e sociais em que se inscrevem
e compõem situações complexas onde correr risco não é mais externo ao
individuo, mas se inscreve, com ele, num complexo único de múltiplas dimensões;
o conceito de risco em meados do século XX é intensamente desenvolvido e a
partir da identificação de associações entre eventos ou condições patológicas e
outros eventos e condições não patológicas causalmente relacionáveis. A
vulnerabilidade é entendida como o movimento de considerar a chance de
exposição das pessoas ao adoecimento como a resultante de um conjunto de
aspectos não apenas individuais, mas também coletivos [e] contextuais; levando
em consideração os três componentes interligados: individuo o social e o programático
ou institucional.
Não
sei se o mesmo acontece com as pessoas normais (boa sanidade mental), mas a
primeira vez que li o título do artigo tive a impressão que este tal sujeito
denominado “você”, aprende com o sujeito “ A gente” que ensina; ao ler a faixa
afixada na parede do hospital fica claro que no sentido literal não é nada
disto, mas pode ser tudo isso e um pouco mais que minha capacidade cerebral não
consegue alcançar; porque quando eu dou uma fogueira acesa para um
churrasqueiro eu estou ensinando à ele a não ser um bom lenhador e nem ao menos
saber onde buscar madeira de qualidade em meio aos pampas, cerrado, agreste ou
caatinga; não que ele esteja predestinado a vida todo ser dependente da minha
fogueira, mas é um incentivo em tanto para quem já tem tanto trabalho para
encontrar carne de qualidade. Creio que as condições ambientais nos ensinam a
sermos o que somos pela viabilidade das condições encontradas. Não importa quem
você é ou de onde você veio nem muito menos como você adquiriu este hábito. Este artigo me remeteu à propaganda da do
sabão “OMO” que o slogan dizia que “se sujar faz bem”... Mostrando crianças em atividades
que contribuem para o desenvolvimento cognitivo e social com muita alegria e sujeira,
como se tais praticas fosse inerentes indissociáveis a sujeira... O que não é
verdade, a sujeira é um figurante que entra como protagonista na propaganda,
para que as crianças se sujem mais e mais sabão em pó seja vendido, passando a
falta ideia de que estar vulnerável à sujeira é está vulnerável ao prazer e a
felicidade.
Imagina só se a band-aid entra na mesma onda dizendo que
“se lascar faz bem” mostrando pessoas se lascando jogando futebol, praticando
ciclismo, correndo ou pleno ato sexual... Fumar, se sujar e se lascar são
apenas momentos efêmeros que podem levar ao aprendizado, a felicidade instantânea,
agravos á saúde, e também ao prazer exclusivamente masoquista. A crítica destas
técnicas objetivas de transmissão de mensagens torna-se muitas vezes ineficaz,
pois algumas vezes ficam na eminência da antiética.
Imagine
uma corredora especialista na prova dos 3000 metros com obstáculos que sente
dores no tendão de Aquiles e vai ao ortopedista fazer uma consulta, então o
médico diz que ela não pode mais correr esta prova porque desta forma ela estará
vulnerável a tendinose do calcâneo (a famosa tendinite de Aquiles); então esta
atleta pendura as sapatilhas e depois de um ano sem correr fica obesa e depressiva.
Neste caso fica evidente a falta de entendimento do médico, dos aspectos
culturais e sociais intrínsecos ao contexto esportivo, tal dor poderia ter sido
atenuada com massagens combinada com treinos de mínima flexão plantar.
Essa ideia de promoção da
saúde ao mesmo tempo em que é um clichê nas ciências da saúde pode ser
totalmente falsa, uma vez que o conceito de saúde é envolve muitos fatores por
isto tal definição é muito complexa; porém segundo a OMS, diz que saúde é
bem-estar em sua totalidade. Logo chego à conclusão que uma pessoa que se diz
saudável é porque não suficientemente examinada de forma adequada. Um
praticante de atividades física regular, estar também regularmente Vulnerável a
agravos à saúde, seja este agravos intimamente associados às praticas corporais
ou não. Por isto criei até uma aversão pela expressão “manutenção da saúde”,
como se pode manter algo que você não tem? A busca pela saúde é tão incessante
e inalcançável quanto o amor platônico, que me desculpem os que acreditam amar
de tal forma.
Então não custa nada lembrar que algo “bom” (atividade
física) pode ser inerente a algo muito ruim ( agravos à saúde); na história da
humanidade sempre foi assim; só lembrar da Afrodite deusa do amor da mitologia
grega, mas antes de tudo ela é a deusa da encrenca afetiva; por fazer uso deste
sentimento “tão bom”, além do mais Afrodite é a mãe de Eros (cupido, para os
romanos), cujo o pai é uma incógnita, há versões que atribuem a paternidade a
Hefesto, Hermes, Ares e Zeus; com certeza Afrodite seria considerada por muitos
uma verdadeira piriguete. Enfim Eros é o tal sujeito que dispara flechas a
torto e a direito fazendo acontecer amores, inconvenientes em muitos casos (só
podia ser o filho da Afrodite). Tem coisa melhor que o amor? Mas o amor
inconveniente pode trazer frutos indesejáveis; atividades físicas em prol da
promoção da saúde “nas mãos” do profissional de saúde são como flechas nas mãos
de Eros, que acredita estar somente fazendo o “bem” para as pessoas, mas Eros vê
amor apenas como à paixão carnal assim como alguns profissionais da área da
saúde vê a saúde dentro de uma única perspectiva e ambos recaem em sequencias
de quiproquós. Como diria Nietzsche “O homem que se acha completamente bom é um
idiota”.